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BERLINDA: CANCELAMENTO E A CARRUAGEM DE VIDRAÇAS NAS LATERAIS

“Berlinda”, carruagem leve e rápida, de quatro rodas e vidraças nas laterais, concebida por volta da década de 1670, para atender ao Rei Soldado, Frederico Guilherme I (1688 – 1740), Rei na Prússia e Eleitor de Brandemburgo, Estado constituinte do Sacro Império Romano-Germânico. A carruagem ganhou o nome da capital de Brandemburgo, atualmente capital da Alemanha: Berlim. O Brasil só conheceu a “máquina voadora” a partir da segunda metade do século XVIII, privilégio para poucos, de circulação restrita, devido ao tipo das ruas, estreitas e de calçamento ruim e irregular, da época. Quando criança, isso no Ceará dos anos 1960, brincávamos de “Passar o anel”, “Pêra, uva ou maçã?” e de “Berlinda”, diversão, hoje, conhecida nas redes sociais, como “cancelamento”, “geladeira”, “fritura” ou “paredão”.  A brincadeira funcionava assim: uma criança se afastava do grupo – distância de alguns metros – e cada uma das outras crianças fazia sobre ela um comentário, quase sempre maldoso, cruel, injusto, malicioso ou revelador, que depois lhe era transmitido, omitindo-se, propositadamente, o autor do comentário desagradável. A criança na “berlinda” escolhia um dos comentários – apenas um – para explicar-se, com a obrigação expressa de dizer a verdade, somente a verdade. Depois, o responsável pelo comentário, revelava-se e era, automaticamente, levado para a berlinda. Hora de dar o troco! A brincadeira terminava, quase sempre, em briga ou – em juras de amor revelado. Andei procurando na Internet a razão da brincadeira de criança - hoje Cancelamento ou Paredão - chamar-se “Berlinda” e qual a relação direta com a carruagem leve e rápida, de quatro rodas e vidraças nas laterais. O que descobri: “vidraças nas laterais”, exposição, estar em evidência, na berlinda. Nada mais que isso.  

João Scortecci