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BASTOS TIGRE, MELVIL DEWEY E UMA SOLUÇÃO SATISFATÓRIA PARA O FUTURO DAS BIBLIOTECAS.

O poeta, jornalista, publicitário e bibliotecário Manuel Bastos Tigre nasceu em Recife, Pernambuco, no dia 12 de março de 1882. Estudou no Colégio Diocesano de Olinda e se diplomou engenheiro pela Escola Politécnica de Pernambuco, em 1906. Trabalhou como engenheiro da General Electric e foi ajudante de geólogo no Departamento de Obras Contra as Secas, no Ceará. Foi homem de múltiplos talentos, e em todas as áreas obteve sucesso, especialmente como publicitário. É dele o slogan da Bayer que correu o mundo, garantindo a qualidade dos produtos daquela empresa: "Se é Bayer é bom". Como engenheiro, resolveu fazer aperfeiçoamento em eletricidade, nos Estados Unidos da América do Norte. Lá, conheceu o bibliotecário Melvil Dewey (Melville Louis Kossuth Dewey, 1851-1931), que instituiu o Sistema de Classificação Decimal, tido como referência na área até os dias de hoje. Esse encontro foi decisivo na vida de Bastos Tigre. Em 1915, aos 33 anos de idade, abandonou a engenharia para trabalhar com a biblioteconomia. Naquele ano, prestou concurso para Bibliotecário do Museu Nacional do Rio de Janeiro, com tese sobre a aplicação do Sistema de Classificação Decimal de Dewey. Mais tarde, transferiu-se para a Biblioteca Central da Universidade do Brasil (hoje, Biblioteca Pedro Calmon, instituída pelo Decreto-Lei n° 8393, de 17 de dezembro de 1945), onde atuou como Diretor por mais de 20 anos, até sua morte. Lendo a biografia do bibliotecário americano Melvil Dewey, descobri a razão e o motivo da paixão de Bastos Tigre pelos livros. Dewey descreveu, nos seguintes termos, como a ideia da Classificação Decimal lhe aflorou ao espírito: "Durante meses imaginei, noite e dia, que deveria haver, em alguma parte, uma solução satisfatória. No futuro teríamos milhares de bibliotecas, a maioria das quais aos cuidados de pessoas com pequena capacidade ou escasso adestramento. O primeiro requisito da solução há de ser a maior simplicidade possível. O provérbio dizia 'simples como a, b, c', mas ainda mais simples do que isso era 1, 2, 3. Após meses de estudo, um domingo, durante um longo sermão do pastor Stearns, enquanto o encarava com firmeza sem lhe ouvir uma palavra, e absorvida a mente no problema vital, a solução coruscou-me ante os olhos, a ponto de fazer-me saltar da minha cadeira e de quase levar-me a gritar: EURECA! (...)”. Bastos Tigre exerceu a profissão de bibliotecário por 40 anos e é considerado o primeiro bibliotecário por concurso, no Brasil. No dia 12 de março é comemorado o “Dia do Bibliotecário”, que foi instituído em sua homenagem, pelo Decreto nº 84.631, de 9 de abril de 1980. Manuel Bastos Tigre, morreu no dia 2 de agosto de 1957, na cidade do Rio de Janeiro, aos 75 anos de idade. É dele esta frase que expressa sua paixão pelos livros e pela organização do conhecimento: “Se uma hecatombe universal destruísse a civilização, uma biblioteca que escapasse, bastaria para reconstruí-la”.

12.03.2022