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Herzog, Konder, Dilermano e Audálio: todos mortos!

Ano de 1976, 2º. Batalhão de Guardas, Parque D. Pedro II, na cidade de São Paulo. Na época - com 20 anos de idade - fui inscrito na CCS - Companhia de Comando e Serviços - Pelotão de Transporte, na função de motorista de campo do comandante Tenente-Coronel Pedro Luiz da Silva Osório. Lembro-me de que saímos em missão duas ou três vezes, no máximo. A mais importante (creio eu) foi no desfile da parada militar de sete de setembro, na Avenida Tiradentes. “Não deixa o jeep morrer!” E assim foi feito. Após dois meses de quartel e cinco meses da morte do jornalista Vlado (Vladimir Herzog), fui escalado para o posto de serviço P1 - no QG do II Exército, no Parque do Ibirapuera. O P1 era estratégico. Um veículo militar, eu de motorista (com uma submetralhadora beretta M - 12) e um segurança, com FAL - fuzil automático leve -, de prontidão, a serviço do General-Comandante Dilermano Gomes Monteiro. Homem frágil, inteligente e apaixonado por literatura. Meu livro de poesias “A Morte e o Corpo” foi escrito no plantão do P1. Na época, assuntos sobre Herzog, Konder e presos políticos eram proibidos. Com a abertura política após o fim da ditadura militar, conheci o Konder (Rodolfo) na sede da UBE - União Brasileira de Escritores. Ficamos amigos. Tive a honra de publicar um de seus livros, “Palavras Aladas”, em 1992. Herzog veio depois, por meio da amizade com o jornalista e escritor Audálio Dantas, autor do livro “As duas guerras de Vlado Herzog”. Dilermano, Konder, Audálio e Vlado estão - todos - mortos. O ano de 1976, não. Vez por outra, o reencontro - vivíssimo - no meu hoje. 

25.10.2021