Pesquisar

Bandeira, quase Haikai

Quase Haikai. O poeta Manuel Bandeira morreu em 1968, no dia 13 de outubro. Não o conheci pessoalmente. Uma pena! Era menino de tudo. Tinha 12 anos de idade e morava no Ceará. Fui saber dele e da sua poesia no final dos anos 1970, já morando em São Paulo. Quando conheci o poeta Menotti Del Picchia e passei a frequentar sua casa na Av. Brasil, em São Paulo - isso em 1983 - li e estudei a obra de quase todos os modernistas. Não podia fazer feio. Menotti falava pouco ou quase nada sobre Manuel Bandeira. Seu prato predileto era mesmo cutucar o antropofágico Oswald de Andrade (1890  - 1954). Menotti contou-me “causos” sobre Oswald, de arrepiar. Tudo verdade. Menotti gostava muito do ex-presidente Juscelino Kubitschek - tinha um quadro com sua foto na entrada da casa - e boas lembranças do meu avô materno, o gráfico  José Scortecci, editor da Revista PAN (1934 - 1945), onde foi colunista e colaborador da revista. Lendo sobre a Semana de Arte Moderna de 22, soube de Bandeira e conheci o seu poema "Os Sapos”, poema abre-alas da Semana de Arte Moderna, critica venenosa ao Parnasianismo. Os últimos versos do poema marcaram-me muito: “Que soluças tu,/ Transido de frio,/ Sapo-cururu / Da beira do rio.” Sapo-cururu ou sapo-boi, nativo das Américas Central e do Sul: Simpático, venenoso e feio de doer. Bandeira - quase - um Haikai cururu.

João Scortecci