Lembranças e o obvio do possível. No ano de 1969 - visitando meus
tios maternos na cidade de São Carlos, interior de São Paulo - assisti pela
primeira vez na TV o programa humorístico FAMÍLIA TRAPO. Era uma reprise de uma
gravação do ano de 1967 onde o comediante Ronald Golias - tentava - ensinar o
Rei Pelé a jogar futebol. Na verdade mostrava com “trejeitos” de corpo de como
bater um pênalti. No gol - travestido de goleiro – o incrível Jô Soares. Golias
é “carlopolitano”. Vocês sabiam?
Não. Quem nasce em São Carlos, explicou meu tio Alfredo Petrilli. FAMILIA TRAPO
- exibido pela TV Record - é um marco na história da TV brasileira. Ronald Golias
era: “Carlos Bronco Dinossauro”. Faziam parte da trama: Jô Soares, Ricardo
Corte-Real, Cidinha Campos, Renata Fronzi e Otelo Zeloni. Conheci Ronald Golias
em São Paulo - isso nos anos 80 - dentro da uma agência do Banco Itaú, na Rua Teodoro
Sampaio. Tínhamos a mesma gerente e vez por outra ocupávamos a mesma salinha do
café e do cofre. Bom dia, Bronco! Bom dia, Poeta! Ninguém passa os seus ternos?
Brinquei um dia. Ele me olhou e disse: Não. E também não lavo! Tive vontade de
perguntar se ele - ainda - tomava banho. Não tive coragem. Até hoje fico
imaginando qual teria sido a resposta. Perdi. José Ronald Golias adoeceu e
morreu em 2005. Vez por outra visito a mesma agência - tenho conta lá desde
1982 - e me vejo “carlopolitano” no rosto de caretas, terno sem gravata e
sapatos detonados. Difícil não amá-lo no espelho da lembrança.
27.09.2020
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