Mineiro é uai e desconfiado que só ele. Custoso. A história não é
minha. É da boca do povo. Quem conta é o escritor e crítico literário Fábio
Lucas. Histórias de Esmeraldas, sua cidade natal,
localizada na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais. Segundo o “bom
mineiro” três coisas são vistas a olho nu da lua: as muralhas da China, o rio Amazonas
e o brilho da cidade de Esmeraldas. Não faço desfeita. E mais: Tomorto e Tovivo
- irmãos gêmeos - nasceram em Esmeraldas, na metade do século passado. Por azar
do destino o Tovivo morreu do nada. De entojo. O assunto “engoliu” a cidade luz
e até Beagá. Depois de muita murrinha e bate lata, o bispo, o prefeito, o Juiz
e os políticos decidiram promover uma consulta popular (um plebiscito) com o
povo da cidade. Na cédula - com carimbo da igreja e rubrica do prefeito - as trenzeiras
do destino: Inverter os nomes dos gêmeos (Tomorto vira Tovivo e vice versa), mandar
“apagar” deste mundo o cabuloso do Tomorto ou ressuscitar
o bagaça do Tovivo. E assim foi feito. Na apuração e na contagem
dos votos uma surpresa entojada: todos os votos estavam em branco! Isso é
possível? Lasqueira de trem! Alguém - sabiamente - justifica: vai que ganha ter
que ressuscitar o Tovivo? Arreda! É mió, uai. Desconfiança
de mineiro é logo ali. Até em Esmeraldas.
22.07.2020
22.07.2020