Memórias
de estricnina! O poeta e contista português Mário de Sá Carneiro (1890-1016)
foi um dos grandes expoentes do modernismo português e um dos mais reputados membros
da Geração d’Orpheu (Revista Literária Orpheu, 1915). Suicidou-se (no Hotel de
Nice, em Paris), aos 25 anos de idade, utilizando-se de cinco frascos de
arseniato de estricnina. Sua carta de despedida - onde revela suas razões - foi
escrita para o amigo Fernando Pessoa, datada de 31 de março de 1916: “... Não vale a pena lastimar-me, meu querido
Fernando: afinal tenho o que quero: o que tanto sempre quis – e eu, em verdade,
já não fazia nada por aqui... Já dera o que tinha a dar. Eu não me mato por
coisa nenhuma: eu mato-me porque me coloquei pelas circunstâncias – ou melhor:
fui colocado por elas, numa áurea temeridade – numa situação para a qual, a
meus olhos, não há outra saída...” Mário de Sá Carneiro escreveu
ainda - versos - sobre o seu funeral: "Quando eu morrer batam em latas, Rompam aos saltos e aos pinotes, Façam
estalar no ar chicotes, Chamem palhaços e acrobatas! Que o meu caixão vá
sobre um burro, Ajaezado à andaluza, A um morto nada se recusa, E eu quero por
força ir de burro!" Não há registro de que sua “última vontade” tenha sido atendida.
13.07.2020
13.07.2020